quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Luis García Montero


                                                 Tradução: Jorge Elias Neto




Irene




¿ Conoces ya la tinta meditativa
de la primera luz?
Mira el esfuerzo
que en la copa más alta del bosque más oscuro
raya un momento, avisa y mientras cae
forma la claridad.
Así comienza el dia.
Así también, contigo,
cobran todas las cosas
um impreciso afán por empezar de nuevo,
por ser tu compañia
quando el tiempo aparezca.


Y no es el mecanismo
oxidado de um tren lo que se mueve,
ni las maderas de la barca
están secas aún. No en todas las historias
el tiempo necesita la nostalgia.


Pero tiene la luz recuerdos que son nuestros.
Van a bajar los dioses de sus libros,
Alguien descubrirá que el mundo es navegable,
habrá dias y noches, y em la luna
de lo ya sucedido
respirará la fábula blanca del calendario.


¿ Qué haremos de nosotros
ahora que los espejos todavia
no tienen una sombra que llevarse a sus láminas
a contar hasta diez?
¿ Qué podemos hacer con lo que nos han dado?


Como una insinuación, como la piedra
interroga al estanque,
cae la luz en el sueño de la casa.
y la distancia,
esa divinidad que medita en el agua
de los puertos,
vuelve al pasado, busca entre sus mitos
un Angel sin heridas,
una nueva metáfora,
algo que no es tu nombre,
pero que yo pronuncio desde el fondo
abierto de tus ojos.






Irene




Conheces a tinta meditativa
da primeira luz?
Vê o esforço
com que uma breve linha,
na copa mais alta do bosque mais escuro,
nos alerta à medida que cai
uma claridade.
Assim começa o dia.
Assim também, contigo,
cobram todas as coisas
um vago desejo de começar de novo,
para ser tua companhia
quando o tempo aparecer.


Não é o mecanismo
de um trem enferrujado que se move,
nem as madeiras da barca,
ainda secas. Não são em todas as histórias
que o tempo prescinde da nostalgia.


Mas a luz tem recordações que são nossas.
Baixarão os deuses de seus livros,
Alguém descobrirá que o mundo é navegável,
haverá dias e noites, e na lua
do passado
respirará a fábula branca do calendário.


O que faremos
agora que os espelho
não tem uma sombra que levar a suas folhas
a contar até dez?
O que podemos fazer com o que herdamos?


Como uma insinuação, como a pedra
interroga a lagoa,
cai a luz sobre o sonho da casa,
e a distância,
essa divindade que medita na água
dos portos,
retorna ao passado, para buscar entre seus mitos
um Anjo sem feridas,
uma nova metáfora,
algo que não é teu nome,
mas que eu pronuncio bem do fundo
aberto de teus olhos.




García Montero L.. Antologia poética; – Madrid: Castália Editorial, primeira impressão, 2002.

Nenhum comentário: