Que homem ruidoso medrou minha carne?
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
O poema acima de mim
Se disser tudo,
me restará apenas a última mentira.
Mas rente ao chão,
toda mentira resvala na inutilidade.
Jorge Elias Neto
me restará apenas a última mentira.
Mas rente ao chão,
toda mentira resvala na inutilidade.
Jorge Elias Neto
Postado por Jorge Elias às 7:05 PM 5 comentários
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Desejo
Rasgo-te entre os nós,
para ver desfiar tuas esperanças.
Esvazio a palavra,
para te corroer as entranhas.
Busco assombrar-te em teus sonhos,
para assim te sugar a alma.
Em tí despejo os dejetos de minhas vidas,
para te ver culpado pela minha existência.
Grito enlouquecido as minhas trôpegas verdades,
para que se faça cruel o teu destino.
Imagino e sorrio como o falso profeta,
para te ensandecer com verdades distorcidas.
Uso a sedução dos demônios convictos,
para te assinalar o abismo das excrescências humanas.
Por fim te beijo.....
O marco final do falso testemunho do que me fiz por teu amor.
Jorge Elias Neto - 2005
Postado por Jorge Elias às 8:21 AM 1 comentários
Marcadores: Poema
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Lente
FOTO: Luis Henrique B. Borges
Lente
Era outono...
Duas meninas
deixaram suas casas para trás,
na lonjura da esquina.
Eram crianças...
No pires dos olhos
ainda não transbordara a mentira;
ela apenas rodopiava...
E, por não bastar o milagre
da inocência,
era outono...
(Rascunhos do absurdo - 2010)
Lente
Era outono...
Duas meninas
deixaram suas casas para trás,
na lonjura da esquina.
Eram crianças...
No pires dos olhos
ainda não transbordara a mentira;
ela apenas rodopiava...
E, por não bastar o milagre
da inocência,
era outono...
(Rascunhos do absurdo - 2010)
Postado por Jorge Elias às 9:20 AM 1 comentários
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Caligrafia do bruto
Para Sakineh Mohammadi-Ashtia
Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra!
Pedra atirada.
No ar,
uma réstia
da caligrafia do bruto.
Apedreja-se com força.
Quem sabe assim
desencarnam as frustações!...
Reconheço o homem na pedra.
Cada pedra trás seu nome.
A figura de um deus incompleto,
incoerentemente arremessada,
invalida a palavra: Humanidade.
Mas aqui,
neste instante,
em conformidade com os dogmas,
corrompe-se a alma,
deforma-se o molde.
A estranheza de lapidar o corpo.
A ironia de deformar o nome
do delicado gesto do artesão.
Garganta seca de suplicas.
Olhos vazados por lascas.
O ventre fendido
Já não tem fome de amor.
Despedaçado,
jaz o corpo da criatura humana,
jaz a beleza.
Sob o lençol branco maculado
pelo sangue dos opressores,
desfeito,
o arco dos lábios.
A mais terna face desfigurada.
Deixaram-na de lado;
é impura.
Já não se presta mais a prazeres
a carne macerada.
Jorge Elias Neto
Postado por Jorge Elias às 7:09 PM 9 comentários
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