segunda-feira, 28 de julho de 2008

Iluminuras


I


A vida;
esse diário de olhares.


II

E nós que já não
nos vemos nos olhos.


III.

Mas como perder de ver
esse seu jeito de vestir despindo-se
ilustrando de verde a manhã das decrepitudes.


(O estalo da palavra)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Cúmplice


Não trairia
esse dorso
por mais que pudesse

Deixei que o cheiro
perdido em sua nuca
retardasse o amanhecer.

Enquanto dormias
desfiz os gestos
de seus arroubos.

Não trairia
esse gosto
por mais que quisesse.

Já coloquei
todos os parênteses
em nossa existência.

A porta ficou fechada
para a monotonia
da brisa.

O sol aqui
desfiou a esteira sob a areia
para que queimássemos os pés.

Não trairia
esse gozo
por mais que esquecesse

Aprendemos juntos
a revirar as gavetas
e destronar deuses.

A tradição dos dias
tropeçou no tapete
da entrada de casa.

Não trairia
Esse rosto
por mais que envolvesse

Na casa
cada crime
vira papel de parede

Os filhos aprenderam
sobre a mentira
de alguns beijos.

Não desperdiçamos
intenções
no café da manhã.

Não trairia
esse furor
por mais que sofresse

Aprendi
a usar um olho
para revolver o chão.

Testamos a saúde
celebrando
verdades prematuras

Não sobra
espaço entre as mãos
que se apertam



Por essas bandas
a luz não veste
cor de monotonia.

Não trairia
esse momento
por mais que vivesse.



(Para não dizer que não falei...)