segunda-feira, 30 de março de 2009

EMILY DICKINSON


Sorte não é chance – é Esforço –
Fortuna cobra a seu gosto
Cada risada –
A Padroeira da Mina
É aquela Moeda antiga
Desprezada –





O Poeta acende Lâmpadas –
Ele próprio – apaga-se –
Os Pavios que inflama –
Se têm Essência

Como os Astros agregam-se –
Uma Lente em cada Época
Disseminando a sua
Circunferência –





Eis Dois Pores-de-Sol – o Dia e eu
Estamos competindo –
Fiz Dois – e fiz várias Estrelas –
E Ele – só fez Um –

O dele é bem maior – Mas como eu
Dizia a uma amiga –
O meu – é mais conveniente
Para levar na Mão –





É mais fácil chorarmos
Os que morreram
Que por falta de pena
É que se foram
A Tragédia já finda
Obtém o aplauso
Que na Tragédia em cena
Pouco tem uso.

segunda-feira, 23 de março de 2009

TERCETOS II



Palimpsestos

Quando busco vozes perdidas no exílio
e rumorejo versos pretensiosos,
ressuscito mortos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

TERCETOS I


"A MÁSCARA DO OLHO VERDE CABEÇA" (Cerca 1915)
Óleo sobre tela
Amadeo Souza Cardoso (pochoir)



Verdes Versos I


O escrito, o exposto,
essas meias verdes verdades,
já não se escondem atrás de máscara.




(Verdes versos)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Manto


Vou sair na noite
e me travestir de amenidades.

Desenhar na névoa
elefantes com trombas sonoras,
zebras com listras de estrelas,
casais gozando em seus fuscas falantes,
de faróis de neblina iludindo o passeio dos guaiamus.

Sentarei a meia-distância de lugar algum
e gritarei seu nome em vão.

E então amanhecerá ,
e pedirei desculpas à aurora.

Pois despi a noite de seu manto
para encobrir meus devaneios.