segunda-feira, 27 de abril de 2009

FABRÍCIO CARPINEJAR


Não pretendo saber o que me pertence
para guardar melhor.

Há algo que o tempo não toca.
O tempo não está decidido no rosto,
mas na forma como se escape do tempo.
Quanto maior o desespero em fugir,
maior será a velhice.


(Fabrício Carpinejar em: Como no Céu - Bertrand Brasil 2005)

terça-feira, 14 de abril de 2009


Foto: Eloísa Pelegrineti - Bordeaux - 2008



Imagens
(pequenas lembranças para os fóbicos no claustro)


Fotografar a esquina
sem rumo.

O giz entre as unhas
(pó de palavras).

O “Deus me guia”, no casco do barco
emborcado na praia deserta.

O almoço das cracas
no pier abandonado.

Surpreender o raio
almejando a Cruz.

Captar a quintessência
de um amanhecer de lágrimas.

Mostrar ao Mundo
à fonte dos arco-íris.

A serenidade do pescador
reparando a rede.

A perspectiva da mão
que atirou a pedra.

A profanação do túmulo
dos paquidermes.

A delícia da vibração
dos lábios de Milton.

A indecisão da chama
diante do sopro humano.

...

Relíquias do poeta.

Noves-fora [...]

sexta-feira, 3 de abril de 2009

TERCETOS III


A controvérsia da distância


A quanto dista
o zelo do cientista
do abuso apaixonado do poeta com a palavra?