segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre o mito de Sísifo



A labuta não respeita o portal das casas.

Dentro e fora – rolam-se pedras.



– Avisem-me

quem joga o bilboquê de pedra dos dias.



E segue o homem-bastão

entre romper o barbante

ou deixar que lhe caia sobre a cabeça

o peso da tomada de consciência.



O homem é um ser interrompido.



Seja no curtume das horas

ou nas contas do terço,

ele sempre se agasalha

com a tênue esperança.



“roda peão,

bambeia peão...”

No absurdo de agora

e à espera da vida eterna,

Amém!

sábado, 10 de janeiro de 2009

O absurdo em GAZA


Céu de bombas

Por que choras por mim meu pai?

Cumpri com o que me coube
nessa Gaza de feras.

Em cada criança morta, sacrificada,
um objetivo insano.

Despeço-me do dia
sob flashs e bombas.

Uma fome doentia
molhou teu corpo com meu sangue.

Estrelas dos profetas cruzaram os céus
e pulverizaram os créditos de minha infância.

A ambição de poder comeu meu destino.
Com a força, roubaram-me o sorriso.

Meu pai, nem sei perguntar por quê.
Não tive tempo para me nutrir de ódio.

Pensando bem, pai,
que às lágrimas partam.

Transpareças a cor de teu rosto indignado
nas telas indiferentes do Mundo.

Sobretudo creia, pai,
creia no triunfo do olhar de tua filha,
fosco de morte,
voltado para esse lindo céu,
reluzente de bombas,
nessa noite de um domingo de fúria.

07 de Janeiro de 2008