ÁLIBI
Se os poetas não cantassem
O que teriam os filósofos a explicar?
PISA: A TORRE
Em vão te inclinas pedagogicamente
O mundo jamais compreenderá a obliqüidade dos bêbados
Ou o mergulho dos suicidas
SÍSIFO
Hoje agora me decido
Depois amanhã hesito
O dia detém meu passo
A noite cala meu grito
Deuses onde ? céu existe?
Céu existe? Deuses onde?
Um eco que faz perguntas
Um espelho que responde
E eu sísifo tardotriste
A tilintar as correntes
De dilemas renitentes
Lá me vou sem vez nem voz
Rolar a pedra dos mudos
Pela montanha dos sós
LIÇÃO DE COISAS
Uma nêspera branca!
Transtornou-se acaso a ordem do universo?
Mordo-lhe a polpa: o mesmo
Gosto das nêsperas amarelas.
Tudo é superfície.
José Paulo Paes nasceu em Taquaritinga, interior de São Paulo, em 1926, e morreu na capital do estado em 1998. Publicou mais de dez livros de poesia.
Destacou-se também com ensaísta e tradutor.
Um verdadeiro mestre do epigrama.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
José Paulo Paes
Postado por Jorge Elias às 10:02 PM
Marcadores: José Paulo Paes
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4 comentários:
Coincidência, penso em postar algo sobre José Paulo Paes nos próximos dias. Admiro muito esse poeta, seus escritos misturam um quê de Drummond, Bandeira e Augusto de Campos... enfim, sua qualidade é gritante!
Bonito isso Jorge. Uma vez poeta, sempre poeta. Mesmo não estando mais nesse plano desde 1998, o poeta permanece vivo em suas poesias.
Ah! essa é a magia.
Grande abraço
Passando por aqui... Vou lendo devagar sua postagem, procurando dar aos versos do poeta a atenção que eles merecem.
Um abraço.
Oi Jorge, obrigado pela leitura.
Volto sempre, contudo no post seguinte. Tenho procurado (e até encontrado) alguns poetas na rede, sobretudo de Vitória, e você é um deles. Agora preciso ler teu livro, também posso lhe enviar o meu.
Sim, estudei lá.
Abraço
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