Noturno
O impulso carrega
uma promessa dos pés
Andava
─ confortavelmente ─
no escuro
( sentia o
calor
das coisas mortas)
(Quem o pariu foi o
vento nordeste
assustado
com o apito do
navio)
Nas mãos
a lista dos homens
tristes
e linhas tortas
─ desencontradas
A seu lado
uma inútil sombra
─ essa mundaneidade
Tinha a noite
e a paz das sarjetas
abandonadas
O Mundo
acontecia dentro dos
olhos
Deus
era imagem
ausente
à margem da fábula
O corpo
─ acaso assombroso ─
rompeu a escuridão
da Ilha morta.
Jorge Elias Neto
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