quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mesmas palavras

Muitas vezes, uma avaliação mais simplória, feita sobre a palavra, nos faz pensar ser impossível algo de novo – todas as palavras já foram ditas – salvo raros neologismos, por vezes até brilhantes. Posso assim desistir e encerrar por aqui este texto. Mas isso é um sofisma. Isso só seria verdade se considerássemos a palavra existindo sem o homem para nortear seus caminhos e sentidos.
Cada boca sabe de sua palavra. A palavra esta sujeita a toda a mecânica respiratória, ao vibrar das cordas vocais; ao segundo sentido do canto dos lábios. Todo invólucro humano se expressa através da palavra ofertada, da palavra jogada, da palavra beijada, da palavra interrompida ao meio (mas mesmo assim entendida), por conta de um arrependimento tardio.
Uma mesma palavra pode ter seu sentido alterado na dependência se proferida revestida pelo vermelho do entardecer do verão ou no calor entre dois olhos aferventados de ódio.
A palavra goza do paradoxo de ser atemporal e, ao mesmo tempo, ser sujeita às tempestades do instante. A palavra pode ser verdade, pode ser mentira; mas geralmente é revestida de sedução, podendo assim ser classificada como meia-verdade.
Já a palavra, quando escrita, fica a mercê da capacidade de quem a garimpa, de quem a transfigura em arte: a palavra bem escrita é a própria arte.
Pois bem, eu saúdo as palavras.
Palavras ... Razão pela qual venho degladiando com minhas limitações, tentando elaborar algo que realmente me faça sentido.

Jorge Elias Neto

Um comentário:

Tania regina Contreiras disse...

Cada boca sabe de sua palavra...amei...
Beijos,