Para Jayme Ovalle
Nada sei de mim
nesse emaranhado de tinta
eclipse do absoluto
quando atinjo
o último lampejo de deus
que se debruça
no espaço em que me lanço
para alcançar o céu que
me aguarda.
Nada sei de mim
nesse lapso
em que me acena o santo sujo
suspenso nos arcos da
Lapa
admirando as partituras
dos vagalumes.
Nada ... Sei de mim
o azul do alumbramento
a metáfora inacabada
nos alucinógenos neons
dos becos de meninos
adormecidos
recantos de caos
que seus corpos guarda.
Sei, santo,
da voracidade
com que tragam
a madrugada
do acalanto da desordem
silêncio entristecido
dos espectros
desmemoriados.
Santo, sei
do relicário de ossos,
sem céu, sem teto.
Sei que bebo,
o que vaza
e me inunda
e é ácido
como vinho jovem.
Jorge Elias Neto
Um comentário:
Belo belo, num tom apreciativo próximo de Bandeira, grande amigo de Jayme Ovalle.
Aquele abraço,
Marco.
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