Para
Ester Abreu, à beira linha, em Muqui
Aquí y allá, el hombre es uno
En
los remotos tiempos, el Dios de las Cosechas,
cuando
no existía aún la especie humana,
de
cada región deshabitada de la
Tierra
recogió
el grano cereal que cultivaba.
Sumó
arroz, trigo y avena
maíz
y sorgo unió al centeno
simientes
de todas procedencias
llevó
al molino más de ciento;
harina
tamizada en uniforme mezcla
amasada
y sometida a vivo fuego
hasta
tostar por completo la corteza.
Del
resultante pan recién cocido
un
pedazo retornó a cada comarca
del
cual proviene el hombre primitivo:
igual
composición, distinta estampa.
Sea
faz el hombre o sea espalda
rígido
cuscurro o blanda miga
el
color es lo único que cambia
la
sustancia humana no varía.
Aí, aqui, ali, lá e
acolá; o homem é um
Nos remotos tempos, o Deus das Colheitas,
quando ainda não existia a espécie humana,
de cada região desabitada da Terra
recolheu o grão do cereal que cultivava.
Somou arroz, trigo e aveia,
milho e sorgo uniu ao centeio,
sementes de todas procedências,
levou ao moinho mais de um cento;
farinha tamisada em uniforme mescla,
amassada e submetida a fogo lento,
até torrar bem a camada externa.
Do resultante pão recém-cozido,
um pedaço retornou a cada comarca,
do qual provém o homem primitivo:
igual composição, distinta estampa.
Seja face o homem ou seja costas,
rígida crosta ou suave miga,
a cor é o único que troca,
a substância humana não varia.
La muerte de la Utopía
Hoy,
cuando la esperanza es tan efímera
y
vive en desencanto diluida,
¿quién
ofrecerá un futuro codiciado
si
muere la Utopía?
¿Quién
descubrirá la poesía,
vedija
entre las zarzas,
velero
de papel a la deriva?
¿Quién
pondrá imaginación en las pintadas
-ingenio
de las frases-
que
derribe barreras y murallas?
¿Por
qué razón edificante
la
policía hostigará a los jóvenes,
qué
gestas relatarán los abuelos a los nietos,
quién
defenderá al pueblo
de
la acción de los políticos,
quién
restablecerá el equilibrio descompuesto
quién
hablará de la persona
qué
será de la palabra compañero
quién
osará trazar camino propio
quién
se opondrá a los intereses de los más interesados
qué
será de la pluralidad de vías
quién
estará de nuestro lado, si muere la Utopía?
¿Quién
reducirá las insalvables diferencias
que
separan halcones y palomas,
quién
amará al hombre por su esencia quebradiza,
quién
sembrará la paz, el perdón, la valentía;
el
amor, la libertad, la convivencia,
si
muere la Utopía?
¿Quién
impedirá que den forma a nuestra arcilla
en
moldes inhumanos,
los
que hacen herramientas de las vidas;
quién
acogerá las excepciones,
quién
será de lo diverso garantía?
¿Quién
nos librará de la ortodoxia,
quién
nos sacará de la estadística,
quién
sobrevivirá al sistema, si muere la Utopía?
A morte da Utopia
Nos tempos presentes
quando a esperança é tão efêmera
e vive em desencanto diluída,
quem oferecerá um futuro cobiçado
se morre a Utopia?
Quem descobrirá a poesia
flor entre as sarças
veleiro de papel à deriva?
Quem porá imaginação nos grafitos
- engenho das frases -
que derrube barreiras e recintos?
Por que razão edificante
a polícia fustigará os jovens,
que façanhas relatarão os avôs aos netos
quem defenderá o povo da açâo dos políticos
quem restabelecerá o equilíbrio descomposto
quem falará da pessoa
que será da palavra companheiro
quem ousará traçar caminho próprio
quem se oporá aos interesses dos mais interessados
que será da pluralidade de vias,
quem estará de nosso lado
se morre a Utopia?
Quem reduzirá as insuperáveis diferenças
que separam falcões de pombas,
quem amará do homem a sua essência quebradiça
quem semeará a paz, o perdão, a
valentia
o amor, a liberdade, a convivência
se morre a Utopia?
Quem impedirá que dêem forma à nossa argila
em moldes inumanos
os que fazem ferramentas das vidas?
Quem acolherá as exceções
quem será do diverso garantia
quem nos livrará da ortodoxia
quem nos tirará da estatística,
quem sobreviverá ao sistema
se morre a Utopia?
Do livro de poemas “Elipse de los Tiempos” 2012 (Tradução
feita pelo autor)
Pedro Sevylla de Juana nasceu
em plena agricultura, lá onde se juntam A Terra de Campos e O Cerrato,
Valdepero, província de Palencia em Espanha; e a economia dos recursos à espera
de tempos piores ajustou o seu comportamento. Com a intenção de entender os
mistérios da existência, aprendeu a ler aos três anos. Para explicar as suas razões,
aos doze iniciou-se na escrita. Cumpriu já os sessenta e seis, e transita a
etapa de maior liberdade e ousadia; obrigam-lhe muito poucas responsabilidades
e sujeita temores e esperanças. Viveu em Palencia, Valladolid, Barcelona e
Madrid; passando temporadas em Genebra, Estoril, Tánger, Paris e Amsterdão.
Publicitário, conferencista, tradutor, articulista, poeta, ensaísta e narrador;
publicou vinte e dois livros e colabora com diversas revistas da Europa e
América, tanto em língua espanhola como portuguesa. Trabalhos seus integram
seis antologias internacionais. Reside em El Escorial, dedicado por inteiro às
suas paixões mais arraigadas: viver, ler e escrever. www.sevylla.com
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