quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gelo estável



O enredo da bala cruzando
os olhos do pátio
‒ fingindo inocência

O milésimo seguinte
            ‒ oculto ‒
no deblun do tempo

O bolso vazio
do corpo
embalado em papelão
num beco
de saudosas paisagens

A verdade
do paquiquerme
cobrindo os olhos
com enormes orelhas

O rústico desfiando
o pelo do urso
sob os pés
enlameados

As lantejoulas
vestindo  perdulários
na simetria dos quatro
cantos da casamata

A textura vulgar
do remendo
da insensatez

A pústula
que não rompe
não vasa
                    pois já não importa.

Jorge ELias Neto

Nenhum comentário: