domingo, 28 de outubro de 2012

José Inácio Vieira de Melo


MOISÉS

Há sempre uma azia louca,
há, desde sempre,
uma árvore em chamas,
o homem é assim:
um tição perdido,
uma estrela sem guia.

E o mar é cabelo aberto ao meio
– a ruiva cabeleira azul –,
o mar é mijo encarnado
que se fende com espada,
cajado sagrado de encontro
às verticais ilusões.

E conduzir sem saber para onde,
e dar voltas sem nunca chegar,
e, percebendo a morte,
inventar a terra prometida:
lugar do qual suas sandálias
nunca darão notícias.


Decifração de abismos: 1998 a 2001 / José Inácio Vieira de Melo. – Salvador: J.I.V. de Melo, 2002.

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