quinta-feira, 3 de março de 2011
Poema justo
Não fechar a frase, não.
Deixar a palavra ao relento.
Miguel Marvilla
Raspar as sobras
da imagem – nata
– gordura –
o escorregadio da margem.
O liso da casca.
A paisagem.
Da palavra – o inesperado –
a calda – rasgos e fendas.
Na vastidão – passagem.
Rever emendas.
Acumular entulhos –
vazios.
Cobrir de aragem.
Recolher do baixio – memórias –
aboios –
arrelias.
Desviar das têmporas –
O estampido – tiro –
peleja
de louco!
Repousar no estio.
Aconchego – relento.
Remover farpas – asperezas –
ao vento.
Lambuzar com visgo – isca –
voragem.
Revolver o leitor
no espaço-tempo.
Disparar a contagem.
No continente dos olhos –
despertar do torpor...
A linguagem.
Jorge Elias Neto
Postado por Jorge Elias às 7:49 PM
Marcadores: Miguel Marvilla, Poema Justo
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6 comentários:
Um poema interessante, sem dúvida. Abraço. Bom carnaval.
Oi, Jorge! Li Penhor, por acaso, e em seguida vim ao seu blog, foi ótimo. Decididamente, gosto de seus poemas.
Um abraço.
Um POEMA!
Estrutura, contorno e perfeição, despertou-me.
Parabéns, Jorge. Poucos escrevem claro e tão bem!
Beijos
Mirze
Obrigado Côvo pela visita e comentário
Abraço
dade Amorim:
Não sei se vc retornará para leitura de meu comentário.
Fiquei curioso de saber como chegou em suas mãos o poema "Penhor".
Escrevi esse poema e encaminhei apenas para dois amigos.
Sou de uma curiosidade imensa.
No mais, agradeço muito seus comentários.
Abraço,
Mirze:
Poema trabalhoso.
Ele cumpre um propósito.
Cintura apertada. Enxuto.
Foge, um pouco, do meu habitual.
Abraço,
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