terça-feira, 20 de julho de 2010

PEDRO NUNES


SONETOS

III


O meu corpo é ausente do seu corpo,
meu amor: a noite apenas começa
e não é senão o anúncio da dor,
essa dor do furioso cio, etérea

dor. A noite não engana do amor
a fúria mal contornada, a eterna
angústia dos que debruçam famélicos,
sobre o éter, o desejo e o vapor

da nave que flutuou em azuis.
Da sorvência das horas vãs palavras
nada podem. É tudo furta-luz.

O amor prescinde de lavrar a pá
o perfeito verbo: tudo conclui
que o amor é um vento apaziguado.

Pedro J. Nunes é escritor, autor de Aninhanha, Vilarejo e outras histórias, Menino e A pulga e o jesuíta (Prêmio Secult de Literatura Infantojuvenil 2009, a ser publicado em breve). Site: www.pedrojnunes.tertuliacapixaba.com.br .

Um comentário:

Hilton Deives Valeriano disse...

Belo soneto! Vou conhecer melhor esse poeta. Um abraço.