sexta-feira, 16 de abril de 2010

Realidade - Facetas da alma (I)



Meu punhal tem duas faces:
a que brota
e a que geme.


A realidade de cada um


Desconheço a ordenação dos anjos,
mas sei das cores nas fachadas das casas.

Na foto antiga, as casas já receberam
O insofismável tom trazido pela areia do tempo.
Naqueles olhos ausentes,
que cruzaram desapercebidas
a falsa eternização do momento,
surpreendo o olhar humano.

Desconheço a verdade dos santos,
mas tenho aprendido sobre a mutilação do desejo.

(Verdes versos – 2007)



Rotina

Convivia-se com a conformidade
de ter o universo próximo de casa.

O espaço delimitado
pelo absurdo traço da conveniência
era marcado pelas solas dos sapatos
(e trazia a fotografia do mijo
fora da privada).

Para o gozo o número era par.
Pouco importava a singularidade da morte.

(Rascunhos do absurdo – 2010)

Um comentário:

Elton Pinheiro disse...

Jorge Elias,
(recebeu o email?)

... , poemas como Morte súbita, Kioto, Orvalho perseguido (belíssimo) e Baixa imunidade anunciam a obra de um Poeta.

Teus verdes versos nada tem de versos verdes.

Obrigado,
Elton