Foto: Eloísa Pelegrineti - St. Paul - França - 2008
Se te lembrares de mim,
traz-me orquídeas num tubo de ensaio –
dessas que são isoladas, para não se ocupar
da impureza de nossos dias –
e injeta em minha veia.
Coloca um fone em meus ouvidos
que me sussure brisas.
Mostra-me fotos de casa
e conta de nossas sombras .
Se te lembrares de mim,
lê-me a Máquina do Mundo.
Não te prendas aos meus olhos fechados;
na escuridão, recicla-se a luz do entardecer.
No limiar da consciência
o nada-fundo se disfarça em paz.
Se te lembrares de mim,
ignora a falsa ausência de gestos.
Abafa os sons
dos aparelhos que me amparam
com um lindo sorriso.
Se te lembrares de mim,
diz a quem interessa, que os amo.
Se te lembrares de mim,
deixa-me de recordação, seu cheiro.
Depois, sai feliz
e celebra a vida.
Pois logo chegará a morte.
Quem sabe a única esperança...,
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Moribundo
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4 comentários:
beliíssimo! se me permite uma opinião: eu dispensaria o último dísitico e o penúltimo transformaria em um verso ápenas. esse poema, repleto de significação, poderia entrar em Rascunhos...
belo poema, Jorge.
Ainda hoje, vindo do trabalho, eu pensava exatamente nisso: o tal homo sapiens buscou, buscou, criou teorias, tecnologias, traquitanas mil...mas continua sob esse peso trágico de se saber tão breve...
um abraço
Uma beleza tua poesia, Jorge. Uma beleza. Abraço
é uma honra estar neste blog de alguma forma! adorei o texto!
um abraço da amiga sumida
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