É complicado ser solteirão
e encher um baú com poemas.
Cercado de mulher e filhos
é complicado fazer versos.
(Tudo implicado, mestre e irmão,
sempre serei neófito no mundo
esotérico dos teus poemas,
onde a morte não existe).
Ocultista, tudo revelaste, tudo,
enquanto nós, pobre mortais,
por dentro nos destruímos.
Só tu criaste outros eus
para te somares em mais versos,
e quieto te deixarem
a contemplar uma tabacaria,
beber em todas as tascas.
(Tua dor é nossa dor,
nossa alegria é tua também:
para sempre integras o futuro,
e o porquê somente tu sabes).
Sendo de ti meio homônimo,
ai quem me dera ser dos teus
heterônimos o mais olvidado.
(Em oblívio nos mudaste, e hoje
somos outros nomes teus,
pois te vejo em nós dissolvido,
para nosso recíproco alívio).
FERNANDO Antônio de Moraes ACHIAMÉ, Colatina (ES), 1950. Seguiu carreira na administração pública estadual e lecionou na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Historiador, pesquisador-associado do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Literatura do Espírito Santo – NEPLES/UFES e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Editou e organizou diversas obras sobre história capixaba. Tem artigos e poemas publicados em periódicos de Vitória e em diversos sites, a exemplo de www.tertuliacapixaba.com.br. Autor do Guia Preliminar do Arquivo Público Estadual (1981), Catálogo dos Bens Culturais Tombados no Estado do Espírito Santo (1991, em coautoria), O Espírito Santo na Era Vargas (1930-1937): elites políticas e reformismo autoritário (FGV, 2010), Esquadro e Compasso em Vitória: Álbum da Loja Maçônica União e Progresso (IHGES, 2010) e dos livros de poemas A Obra Incerta (Flor&Cultura, 2000) e Livro Novíssimo (Flor&Cultura, 2011).
Um comentário:
Poeta em blog de poeta. Este mundo tem salvação. Viva a poesia.
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