Esta língua que te invade
é do mundo.
Esta língua que te cobre;
cuspida e engolida por muitos.
Sou tua mãe incestuosa;
metade digerida do fruto.
A toxidez, o divino
que ouviste no útero.
Acompanho-te vida a fora;
tua maldita consciência.
Sou tua aura de incertezas,
causa de tuas mortes.
Sou indecente, protuberante;
o arrebatamento do grito arremessado.
Sou o princípio e o fim;
parte do gozo.
A primitiva interjeição,
o deslumbramento, a eternidade.
Trago-te o gosto dos séculos.
Sou tua memória.
Sou comprida, ágil, afiada.
Lembro-te todas as palavras vãs.
Sou o vício evanescente.
Afetada e mansa.
Acordo e vivo contigo.
E, quando partes, me disperso com a bruma de tua alma.
MINHA HOMENAGEM AO ESPIRITO DA LINGUAGEM
sábado, 5 de dezembro de 2009
Memorial da língua
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4 comentários:
jorge elias:
não ter cisma de beijar o diabo na boca é uma postura fundamental.
obrigado pelo link.
um abraço.
romério
Romério,
acabei de falar com Fabrício sobre sua entrevista e poemas.
Meus parabéns.
Eu é que agradeço sua visita.
Salve,Jorge, salve!
O poema não disse
a que vinha
rascou seu rastro de prata
da lua até a cozinha!
o povo se reune hoje à noite, o povo vai à praça, pedindo por Mario, pedindo pela vida.
Quem sabe isso cresça e se transforme em luta pela nossa salvação, pela salvação desta casa!
u, grande abraço!
Isso mesmo Neuza,
Que os poemas cheguem fervendo na cara dos facínoras.
Essa casa carece muito de atitudes...
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