A ocupação daquele casebre
por Juarez, um pescador,
antecede o nome das águas.
Desde sempre brotaram peixes
das ranhuras daquelas encostas;
e a cada floração,
colhia-se o indispensável.
O Mar era uma planície alagada,
que derramava a cada entardecer
suas luzes no horizonte.
Nessa hora,
Juarez bebia do Mar
para saber da pureza.
Eram bons os presságios.
No encortinar do dia,
o homem de sal
despia-se do indecifrável das horas
e adentrava a choupana de sopapo.
Juarez tinha uma companheira -
diziam ser uma bruxa -,
roubada dos círculos de fogo.
Coxas firmes,
que iludiam os anos.
Pele clara,
que refletia o Sol.
Chamava-se mulher;
e isso bastava.
Diante dela,
o homem quedava-se e orava;
era sempre um desconhecido.
E a mulher
oferecia-lho a certeza da vida;
e era o bastante.
As palavras não lhes tomavam
o espaço dos corpos.
Mãos ásperas – acesas –,
curavam-se da brutalidade dos anzóis
no visco da fêmea.
O facho da Lua
iluminava os lábios da mulher,
que diziam o nome do gozo.
Sons da noite...
Assinatura perdida
da identidade humana.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
INTERJEIÇÃO
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Um comentário:
Olá, amigo!
O seu poema é muito belo.
Gostei muito.
Um abraço.
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