quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

FRIDA


Tela

A vagina
ferida
de Frida.

As raízes
expostas
da vida.

Os soluços
perdidos
no escuro.

O fedor
do mijo
no muro.

As costas
viradas
para o Futuro.

O mergulho
no mijo
no escuro.

O fedor
das raízes
da vida.

As vaginas
viradas
para o futuro.

Os soluços
expostos
de Frida.

(que chora)

Verdes Versos

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Haveria ainda tempo?

Hoje resolvi voltar ao ano de 2007 e resgatar um texto que escrevi no dia 23 de dezembro. Podia ter publicado antes, mas ele ficaria esquecido dentre tantas mensagens veiculadas nos Blogs pelos quais todos nós passeamos.


O poeta ... ou melhor, o homem, resolveu despedir-se da poesia e ir encontrar-se com Drummond, na fila do feijão, para tomar uma ducha fria de realidade...
No caminho Sérgio Buarque de Hollanda lhe sussurrou: “ O homem cordial morreu...”
Ressoava, em seus ouvidos, o estribilho: “Noite feliz, noite feliz ...” convidando-o à ceia de Natal.
Mas, pode-se dizer tudo de um poeta, menos de um suposto déficit de memória.
Não! Seria um despropósito ficar garimpando palavras, tendo nos olhos, refletidas: panelas vazias, mãos vazias – vidas definitivamente vazias.
Resolveu então embriagar-se para desfazer-se da realidade.
A certa altura fez um brinde:

– Um brin...de
Um brinde ao homem que vive desfiando seu rosário de insensatez!

Viu-se aí diante de um paradoxo – o Homem. Tão belo ser (estava prestes a se transformar em ferrenho defensor do niilismo), fruto do esmero da evolução, perpetrando a desgraça em um mundo maravilhoso.
Reparou então que, por instante (enquanto não elaborava uma forma mais objetiva de se portar diante da complexidade da vida), cabia-lhe a atitude do verso.
A seu modo então, rabiscou o seguinte verso:

Haveria ainda tempo?

O que o pesadelo
tamborilou no ressonar do Deus,
não foi o bastante;
ele tinha a crença na luz,
que tudo cura.

Toda perplexidade
ficou esquecida
nas curvas dessas horas redondas.

domingo, 13 de janeiro de 2008

SOBRE O QUE SE ESPERA...


Do Poema
Tudo se espera do poema.
Que seja o contraponto da realidade,
o remanso para o repouso do herege,
o inferno permitido para as paixões contidas.

No poema, o que se procura é o ar diferente
que se vai buscar no expirar delirante de um poeta.
Como se o poeta fosse só delírio...
O poema se fez da vida do poeta;
é ele que o espera.

Do Poeta

Nada mais que a diferença.
O ser quase divino que veio ao mundo
tocado pelos deuses.
O que não se percebe, ou pelo menos não
se quer perceber, é que ele só foi tocado pela
contradição humana.
Para quem muito espera do poeta-homem, vale o
conselho:
atenha-se apenas aos seus versos.
Ele é apenas o exemplo típico
da máxima de Nietzsche:
“A arte existe para que o homem não morra da
verdade”.

O que ele faz é apenas acreditar ser um poeta.
O que se deve esperar,
é que essa sua verdade realmente diga algo.

Do encontro entre o Poeta e o Poema

Que da simplicidade do artesão
resulte a palavra-arte.
E esta deixe para trás o homem
e siga sua trilha para a eternidade.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

01 de janeiro de 2008


Após o pão e circo,
sigo em busca da ciência de desinventar.

No vazio do salão amanhecido
ainda ressoam os ecos das champanhes,
os alaridos esperançosos,
os sussurros de cumplicidade.

De sólido,
ficaram os confetes e serpentinas,
que nada entendem da solidão.

(Para não dizer que não falei...)



Recomeço,
e essa sombra de hoje
nada diz do homem que fui